Os jornais comentam sobre a última pesquisa CNI/IBOPE que mediu a popularidade da Presidente Dilma Rouseff. Porém, os dados mais importantes não saíram nas manchetes: apenas uma minoria da população aprova importantes quesitos da política econômica, tais como a taxa de juros (que conta com o apoio de apenas 33% da população), combate à inflação (42%) e impostos (28%). Tal situação se repete na avaliação de áreas sociais fundamentais, como Saúde (aprovada por apenas 34% da população), Segurança (35%) e Educação (49%).
Até mesmo áreas propagandeadas como ótimas pelo governo não são bem vistas por boa parte da população, a exemplo do combate ao desemprego (aprovada por 53% da população), Meio Ambiente (53%) e combate à fome e à pobreza (59%).
Os 77% de aprovação divulgados amplamente pela grande mídia são referentes à aprovação pessoal da Presidente Dilma, o que é uma contradição em relação à rejeição da população às áreas antes mencionadas.
Tais dados mostram que a população não aprova a atual política econômica, que tributa pesadamente os mais pobres e corta gastos de áreas como a saúde e educação, para pagar as altíssimas taxas de juros da dívida pública.
Trabalhadores pagam a conta da crise da indústria
Os jornais de hoje também noticiam o lançamento de mais um pacote de estímulo à industria. Mais uma vez, o governo deixou de enfrentar a principal causa da crise do setor: os altíssimos juros da dívida interna. Além do elevado rendimento oferecido, não há controle de capitais, o que tem atraído rentistas de todo o mundo, que trazem livremente ao Brasil uma “tsunami” de dólares que assim valorizam a moeda nacional, tornando mais baratos os importados e dificultando as exportações de manufaturados.
De 2004 até 2012, o dólar já se desvalorizou 38% (de R$ 2,94 para R$ 1,82), o que significa que os produtos importados ficaram 38% mais baratos, ao mesmo tempo em que os produtos exportados ficaram 38% mais caros no mercado internacional, o que leva à destruição da industria nacional.
Com as medidas anunciadas ontem, foi eliminada a contribuição patronal para o INSS de 15 setores, com perspectiva de extinção em todas as áreas. Em seu lugar, será introduzida uma contribuição sobre o faturamento das empresas que, segundo o próprio governo, terá uma arrecadação bem menor, gerando grande perda para a Previdência Social.
Os trabalhadores serão atingidos em seus direitos, pois a contribuição patronal para o INSS constitui parte do financiamento da Seguridade Social que suporta a aposentadoria. Ao mesmo tempo, os rentistas estrangeiros continuarão a dispor de privilégios como altos juros, livre fluxo de capitais e isenção de imposto de renda para ganhar bilhões com a dívida interna.
Apesar do governo afirmar que irá compensar as perdas do INSS, tal compensação será feita com base em estimativas, e não com base na perda efetiva de receita, o que certamente aumentará o falacioso “déficit” da Previdência Social. Dados oficiais comprovam que a Seguridade Social é altamente superavitária e a falácia de “déficit” tem sido repetidamente utilizada para justificar contínuas reformas neoliberais que retiram direitos dos trabalhadores e aposentados.
Outra medida anunciada pelo governo foi mais um empréstimo de R$ 45 bilhões para o BNDES, que pode ser financiado por mais dívida interna, que paga os juros mais altos do mundo.
Fonte: Portal da Auditoria Cidadã
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