Por Heloísa Helena Qualquer pessoa de bom senso, independentemente de filiação partidária ou convicção ideológica, fica definitivamente estarrecida e indignada com a situação de completa irresponsabilidade, incompetência e insensibilidade na prestação dos Serviços Públicos de Saúde.
A angústia é intensa para quem conhece o Arcabouço Jurídico do Sistema Único de Saúde, o Perfil Epidemiológico, a Rede instalada, o conjunto de Normas Técnicas e Operacionais, os Convênios, os Programas de Saúde, os Manuais, os Parâmetros para Programação das Ações de Saúde – da Atenção Básica à Média e Alta Complexidade e etc, etc... e torna-se mais dolorosa para quem trabalha diretamente com o desespero de milhares de pobres implorando por Assistência e ainda tendo que ouvir a desprezível cantilena cínica e mentirosa dos Governantes para justificar a ausência de eficácia e resolutividade no Setor Saúde, seja nas cidades do interior ou na capital.
Nada mais doloroso há do que a certeza de que nenhuma proposta precisa ser criada, nenhum projeto novo inventado, nenhuma lei a ser aprovada... necessitamos apenas do cumprimento da Legislação em vigor; do respeito à tão discursada Legalidade; do Financiamento conforme manda os Princípios Doutrinários do SUS e os Princípios Administrativos que deles derivam; da Execução de Reformas e Construções de Projetos já prontos; e portanto da preservação de Dignidade no atendimento ao ser humano, no momento mais fragilizado da sua existência, conforme é esperado em qualquer sociedade que se proclame civilizada.
Para melhor analisar a prestação desses Serviços – sem a hipocrisia fria de alguns políticos ladrões e “calminhos” - tentemos o delicado e precioso exercício imaginário da verdadeira Solidariedade... Imagine um corredor hospitalar com um amontoado de macas, cadeiras, gemidos, gritos, odores, feridas apodrecidas... e no meio dessa infinita indigência humana visualize a sua Mãe, idosa, doente, jogada num colchonete no chão, suja de fezes e urina, num calor insuportável, semi-nua sem um trapo de pano sequer para cobrir e preservar sua intimidade... O que você faria??
Vejamos mais... visualize a sua Esposa amada, mãe dos seus filhos pequenos, que detectando um tumor na mama, perambula mais de um ano tentando consultas e exames, e mesmo depois de identificar - em intensa tristeza e desespero – que tem uma neoplasia maligna e existe a necessidade de uma cirurgia mutiladora como a mastectomia, ela não consegue nenhum leito público para ao menos arrancar um tumor cancerígeno a cada dia invadindo mais o seu corpo... O que você faria??
Imagine mais... a sua Filha - que você acalentou nos braços pequenina – grávida, gemendo de contrações, humilhada nas portas das maternidades, precisando ao menos de um lugar seguro para realização de um parto e não conseguindo o atendimento, começa a sangrar e perde seu pequeno bebezinho... O que você faria??
Ah! Se fosse com seus entes queridos e amados você dava escândalo, gritava, exigia dignidade, faria o impossível para garantir a realização dos procedimentos necessários... Porque o mesmo não pode ser feito pelos nossos irmãos, filhos (as) do mesmo Deus Pai que nas Igrejas louvamos e no cotidiano muitos negam pela omissão da oferta de Amor e Caridade tão discursada nas Religiões e tão distanciada por tantos que se intitulam “ungidos e fiéis”...
É exatamente pela omissão e cumplicidade de muitos eleitores, que as necessárias mudanças estruturais – a curto, médio e longo prazo – demoram tanto a acontecer... porque para muitos agentes públicos, na política especialmente, o caos na Saúde Pública constitui o melhor dos mundos para eles... por um lado garante a preservação dos seus Reinados de Podres Poderes através das indignas condições dos pobres rastejando nos comitês eleitorais mendigando por consultas, remédios, exames... e por outro lado preservam os intocáveis amigos de certos políticos, verdadeiros Comerciantes de Saúde que a cada dia, pela ausência de Gestão Pública, são impulsionados a construir Castelos de Riquezas na Mercantilização da Saúde em novas e ao mesmo tempo arcaicas modalidades de Privatização do Setor. Temos que dizer BASTA! BASTA!
Ao menos, lembremos o que lindamente dizia Casaldáliga “É preciso saber esperar... sabendo ao mesmo tempo forçar... as horas de extrema urgência... que não nos permite esperar...”
Parabéns, pela postagem, gostaria de saber qual o blog da Heloísa Helena.
ResponderExcluirCaro Robert, obrigado. Fico te devendo essa informação, na verdade, nem sei se ela tem blog.
ResponderExcluirCaro Sandro, o texto da senadora está perfeito não é possivel retirar ou acrescentar nada a ele. O cidadão que ainda não viveu os dramas nele relatados é porque se encaixa nas duas únicas classes sociais deste belissimo país: os ricos e os que teem plano de saúde. Para finalizar e deixar cada brasileiro sabendo da verdade aviso o seguinte: não existe planejamento governamental para as areas da saude, educação, segurança etc., portanto ontem não se sabia o que iria fazer hoje, hoje não se sabe o que vai fazer amanhã. Os ricos enfiam seus filhos nas mais excelentes escolas de mensalidades altissimas e em seguida se tornam doutores nas Universidades públicas e gratuitas do mesmo Governo sempre medicos, advogados,engenheiros, arquitetos. Os pobres as vezes chegam lá porem a grande maioria nos cursos de pedagogia, historia, geografia para tentarem se tornarem professores da escola publica. Na área da segurança os ricos contratam seguranças armados e e adquirem veiculos blindados, os demais são abordados diariamente pelos meliantes e são despojados sempre de algum bem, algum pertence.Na área da saude os ricos tem medico particular consultas no momento que surgir a necessidade e internamento hospitalar no momento que for necessário e em segundo lugar os que teem plano de saude tem consultas agendadas e internamentos choramingados diante de um auditor do seu plano de saúde e os 85% restantes de brasileiros e brasileiras dependentes do Governo (SUS) agendam consultas médicas sempre para daqui a noventa dias se necessitar de internamento, se for possivel o internamento, somente se for no corredor hospitalar e deitado esplendidamente em uma maca implacavel. Caro Sandro a palavra chave é PLANEJAMENTO, uma plataforma na qual poderiamos criar blocos populares de enfrentamento e cobrança aguerrida porque já não mais existe oposição nem oficial nem popular.
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